segunda-feira, 27 de setembro de 2010

SONETO DA SEPARAÇÃO



De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.


De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez o drama.


De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
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Onde encontrar:
MORAES, Vinícius. Antologia Poética. Rio de Janeiro, 2ª ed. aumentada. Editora do Autor, 1960

Fotografia: NaBettiello - Banco da Praça - Vl. Leopoldina - SP - Parque do Aroupati

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