Fotos com imagens fortes são traumáticas. Em A mensagem fotográfica, Barthes questiona a existência de uma mensagem fotográfica puramente denotada, algo aquém da linguagem, e conclui que, se existe, podemos encontrá-la nas imagens traumáticas: o trauma é precisamente aquilo que interrompe a linguagem e bloqueia a significação.
Porém, para ocorrer o trauma, é preciso que aconteça a compreensão imediata - não mediada - da mensagem: "O olhar reúne os elementos em um todo para perceber a totalidade. Se a figura de conjunto é pequena, um único olhar permitirá reconhecer esta totalidade, apreendendo sua essência." (Piaget, 2000:19).
Para Piaget (2000:19,302), faltando os instrumentos semióticos (linguagem etc.) a representação é dificilmente concebível. A representação de conjunto supõe instrumentos simbólicos.
Conhecemos e reconhecemos a fome, a doença, a miséria, a morte, assim como reconhecemos as características da ave de rapina. Sabemos dos seus atributos, entendemos as unidades elementares que constituem a totalidade organizada, identificando, na representação, o conteúdo dessas idéias.
Compreendemos a sua significação. A imagem reconhecida é agressiva, pontiaguda e nos fere de pronto. Dessa maneira é que o significado, o conotado, é apreendido de forma rápida, contundente. E isso nos conturba de imediato. É quando a imagem fotográfica tem, então, todo o significado do mundo.
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